Coruja do Nabal

A Coruja do Nabal (Asio flammeus), também conhecida como Mocho-de-Orelhas-Pequenas ou Mocho-dos-Banhados, é uma ave de rapina nocturna (strigiforme – grupo de aves ao qual pertencem as corujas, mochos e bufos) de médio porte, podendo atingir os 38 centímetros de comprimento. Os olhos são amarelos e a penugem acastanhada com algumas marcas mais escuras. É uma espécie migratória, regressando a Portugal na estação do Inverno. Apesar disso, existem também algumas populações nidificantes em território continental (cerca de 250 indivíduos). Encontra-se actualmente num estatuto de conservação mais preocupante em Portugal, obtendo a classificação «Em Perigo». Em Espanha e no resto do mundo, a sua situação não é tão critica.

A nível global, a espécie distribui-se maioritariamente pelo Paleárctico (região zoologicamente delimitada do globo que envolve a Europa, Norte de África, Península Arábica e Ásia). As populações são mais complexas na Europa do Norte. Na Europa Central e de Leste, as mesmas encontram-se fragmentadas. Ainda assim, podem ocorrer oscilações na quantidade de indivíduos, uma vez que acompanham as épocas reprodutivas dos roedores. Em Portugal, Moura e áreas circundantes estão na preferência das Corujas do Nabal. É também encontrada em zonas perto do Litoral, sendo o Estuário do Sado um bom local de observação.

No que toca ao habitat, os Mochos-de-Orelhas-Pequenas procuram zonas de baixa altitude, por vezes junto à costa. Os seus principais locais de migração são campos agrícolas e, por vezes, pântanos ou outras zonas húmidas. Tem especial escolha por árvores de grandes de dimensões que possam oferecer camuflagem e abrigo aos ninhos, como por exemplos os salgueiros. Pode ainda nidificar em salinas.

Não se reproduzem em Portugal. Os ninhos de postura são feitos no chão, uma vez que as crias os abandonam antes de saberem voar. A fêmea coloca em média entre quatro a oito ovos que incuba alternadamente com o macho durante 28 dias.

A sua dieta base consiste em pequenos mamíferos, pequenas aves e alguns insectos. Os anelídeos (minhocas) também podem constar na mesma. Os roedores, como o rato do campo e o leirão, são o “prato predilecto” da espécie, alimentando-se apenas de outros animais na escassez dos primeiros. Caça tanto de dia como de noite, apesar de com maior frequência nos períodos crepusculares e nocturnos. A sua visão permite-lhe detectar as suas presas no escuro, colocando-se por vezes em postes ou outros pontos altos para realizar a actividade predatória. Quando caça o alimento afasta-se do local para afastar potenciais ladrões e só depois se alimenta.

De vários factores de ameaça é possível destacar:
– A expansão turístico-urbanística, que perturba as aves e faz com abandonem as suas áreas de nidificação.
– O abandono e monotorização de produções agrícolas levam à diminuição do alimento das presas e consequentemente o seu decréscimo e, eventualmente, extinção.
– A colisão com cabos de alta tensão, levando a morte por electrocussão.
– O abate ilegal destas aves leva a um decréscimo considerável da sua população.

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